16/07/2009

Sendo alvo dos comentários de todo o pessoal do condôminio

A mais de um ano atrás, meus primos e eu demos uma festa para mais ou menos umas 100 pessoas no meu apartamento, na época, o condomínio tinha acabado de ser finalizado e havia pouquíssimos moradores, porém a coisa repercutiu de tal maneira, que na semana seguinte todos os condôminos estavam sendo convocados para que fosse modificado o estatuto, instaurando dezenas de multas para quem desse festas no apartamento. As pessoas viravam a cara pra gente e nós nunca fomos convidados a participar de qualquer tipo de socialização no condomínio.

Sábado passado, em comemoração as festas juninas comemoradas em Julho, um grupo de moradores organizou uma festa caipira, com direito a comida liberada e quadrilha infantil. Meus primos e eu resolvemos que uma oportunidade dessas não poderia passar em branco e que era hora de fazer vergonha novamente.

No dia tinha jogo do botafogo, então quando começamos a nos arrumar para as festividades, meus primos já estavam meio bêbados. A idéia era que iríamos nos fantasiar de xerife (Gabriel), bandido (eu) e caipira (Filipe), e além das cervejas, levaríamos conosco o curaçau blue, porque fire shoots são sempre um bom quebra-gelo, e a nossa espingarda de chumbinho, porque festa com temática roceira que se preze tem que ter uma espingarda de chumbinho.

Assim que chegamos, praticamente ninguém estava vestido a caráter, então rapidamente nos tornamos o centro das atenções. Uns 15 minutos depois que achamos um espaço pra deixarmos nosso isopor e roubarmos um pouco de comida, uma piranha de uns 40 anos que é doida para dar pro Gabriel, vem puxar assunto com a gente:
- HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA noooossa, vocês estão muuuuuuuito engraçados! HAHHAHHAHAHAHHAHA vocês são loucos mesmos! HAHAHAHAHAHAHAHAHA. Deixa eu tirar uma foto de vocês!

Se tem uma coisa que eu odeio nessa vida é reação exagerada, ainda mais quando vem de uma piranha de 40 anos, divorciada e com filhos, que quer dar pra um garoto de 21 anos com cara de 18 e maturidade de 15. Então obviamente, além de olhar pra ela com cara de desprezo, eu resolvi pegar a espingarda e dar uns tiros num lugar mais isolado.

Quando eu vejo que a vagabunda já foi embora, eu resolvo voltar para a companhia dos meus primos, que nesse momento estavam fazenda uma dança caipira bem idiota. No caminho eu me deparo com um menino ruivo, de uns 16 anos, conversando descontraidamente com uns outros garotos quaisquer do condomínio, eu só parei de encarar o garoto quando eu tropecei em alguma garrafa caída no chão. Tudo bem que 16 é um pouco novo demais pra minha concepção, mas quem sabe ele não tem um irmão ou um primo ou um tio, esperança é sempre a ultima a morrer. Porém, enquanto eu confabulava uma forma de ir falar com ele, começou a cair uma chuva pesada e o ruivo foi embora, sem nem me dar a chance de saber o nome dele, resolvi então, chamá-lo de Tobias, acho que Tobias combina com cabelos ruivos.

Com o repentino sumiço de Tobias, a festa perdeu a graça pra mim, então resolvi que só ia ajudar a minha mãe a estocar comida e ir pra casa dormir. Enquanto ela separava um pouco de bolo, cuscuz e qualquer doce que ela conseguia por as mãos, ela começou a socializar com uma mulher que mora no meu prédio e que eu nunca havia visto na minha vida.
Mulher: É, a chuva acabou com a festa uma pena, tava tão legal.
Mãe: Sim, nós já estamos de saída, eu vou só pegar mais um pedaço desse bolo aqui que ta com uma cara ótima.
Eu: Mãe, acho melhor eu levar a espingarda de chumbinho, meus primos não param de ameaçar dar tiros um no outro...
Mulher: Nossa, eu achei que eu tinha visto uma espingarda na mão de alguém, mas não achei que alguém fosse trazer uma espingarda de chumbinho pro meio das crianças.
Eu: Pois é, meus primos e eu somos meio sem-noção...

Nisso minha mãe se despedi abruptamente da mulher, me pega pelo braço e me carrega de volta pra casa as pressas, “Vocês são ridículos!”.

Uma meia hora depois, meus primos retornam, ensopados e bastante bêbados.

-Cara, você não vai acreditar, depois que você saiu, a gente ficou conversando com a mãe das gêmeas, e quando eu disse em qual apartamento nós morávamos, ela disse que ela sabia quem nós éramos e que a nossa coluna inteira odeia a gente e que ficar andando bêbados, no meio das crianças, com uma espingarda na mão, não ajudava em nada a nossa imagem!

Missão cumprida.

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